O mesmo processo que
mantém a temperatura do nosso
corpo sempre em torno do 36ºC pode nos ajudar a emagrecer, se for usado corretamente. Trata-se do fenômeno da termogênese, ou seja, nossa capacidade de equilibrar a temperatura
interna do corpo com a do meio ambiente.
Esse processo é parte do mecanismo da termorregulação, que
permite a certos seres vivos gastarem
energia para produzir e dispersar calor de acordo com as
mudanças no meio externo ou com as necessidades internas. A termogênese está
estritamente associada ao metabolismo.
Todas as células e tecidos do nosso corpo acabam gerando
calor no processo de utilizar a energia disponível para seu funcionamento
normal. Se o dia estiver quente,
por exemplo, a pessoa transpira e
perde calor para manter sua
temperatura em 36ºC. Se estiver frio,
por outro lado, a transpiração diminui
e os pelos se eriçam. Nesse
caso, a pessoa pode sentir tremores,
o que indica que está queimando energia
para elevar a temperatura de volta
ao normal. Tudo isso é o efeito da termogênese associada ao metabolismo.
Existem
dois tipos. O
primeiro deles é obrigatório, ou
seja, o gasto do nosso metabolismo em repouso,
responsável pelos processos
fisiológicos como digestão,
respiração, etc. Já a
termogênese facultativa acontece
com nossas atividades diárias e
também com alimentação e adaptação a mudanças de temperatura ambiente. Delas, a atividade física é a que queima mais energia (até 40% do total).
Termogênese alimentar é a energia que consumimos para processar e digerir os alimentos. Se uma pessoa
consome ingredientes hipercalóricos, notará que transpirou após a refeição,
porque o organismo procura eliminar,
sob a forma de calor, a energia que está sendo armazenada sob a forma de
gordura. Mas existem alguns alimentos, chamados termogênicos, que tornam o
processo da digestão mais lento, como as fibras, ou que aumentam a queima de
calorias, como o café.
A quantidade de calorias
ingeridas é monitorada pela corrente
sanguínea por uma região do cérebro chamada hipotálamo. Se as calorias forem excessivas, o hipotálamo emite
sinais químicos para que o excesso seja queimado. Isso acontece porque o tecido
adiposo produz leptina. Quando a produção é pequena, o hipotálamo é orientado a
aumentar a sensação de fome e reduzir o
gasto de calorias. Quando há muita leptina circulante no sangue, o hipotálamo
produz sensação de saciedade e
aumenta o gasto energético. O
principal tecido onde ocorre esse tipo de termogênese é o músculo esquelético, que constitui 40%
do tecido muscular do nosso corpo.
Com a proibição do uso da
efedrina (Haaz e colaboradores, 2006), outros substratos começaram a ser utilizados, em larga escala, pela indústria na fabricação dos suplementos que
causam o aumento da termogênese e, consequentemente, da oxidação de gordura.
Dentre eles, o
Citrus aurantium (laranja amarga: p-sinefrina), a Camellia sinensis (chá verde:
catequinas) e a Paullinia cupana (guaraná: cafeína) tem sido estudados,
isoladamente ou combinados, em diversos estudos (Armstrong, Johnson e Duhme,
2001; Murase e colaboradores, 2002; Martínez-Álvares, Gómez-Candela,
Villarino-Marín, 2006; Batista e colaboradores, 2009; Seifert e colaboradores,
2011), na tentativa de melhor esclarecer os seus mecanismos e possíveis ações
sobre a termogênese e a oxidação de lipídios. No entanto, o uso de produtos com
dose concentrada de extratos de guaraná, laranja amarga, chá verde e outros,
com intuito de reduzir a massa gorda, não possuem evidências científicas
suficientes para serem recomendados para esse fim e de forma duradoura e
saudável (Koithan e Niemeyer, 2010). Desta forma, existem produtos comerciais
que auxiliam no aumento da velocidade do metabolismo, que são aprovados e com
resultados positivos feitos por pesquisadores.
FONTE: Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 6. n. 33. p. 168 - 177. Mai/Jun. 2012. ISSN. 1981 - 9977.