domingo, 28 de julho de 2013

Termogênicos

O mesmo processo que mantém a temperatura do nosso corpo sempre em torno do 36ºC pode nos ajudar a emagrecer, se for usado corretamente. Trata-se do fenômeno da termogênese, ou seja, nossa capacidade de equilibrar a temperatura interna do corpo com a do meio ambiente.
 
Esse processo é parte do mecanismo da termorregulação, que permite a certos seres vivos gastarem energia para produzir e dispersar calor de acordo com as mudanças no meio externo ou com as necessidades internas. A termogênese está estritamente associada ao metabolismo.
Todas as células e tecidos do nosso corpo acabam gerando calor no processo de utilizar a energia disponível para seu funcionamento normal. Se o dia estiver quente, por exemplo, a pessoa transpira e perde calor para manter sua temperatura em 36ºC. Se estiver frio, por outro lado, a transpiração diminui e os pelos se eriçam. Nesse caso, a pessoa pode sentir tremores, o que indica que está queimando energia para elevar a temperatura de volta ao normal. Tudo isso é o efeito da termogênese associada ao metabolismo.
Existem dois tipos. O primeiro deles é obrigatório, ou seja, o gasto do nosso metabolismo em repouso, responsável pelos processos fisiológicos como digestão, respiração, etc. Já a termogênese facultativa acontece com nossas atividades diárias e também com alimentação e adaptação a mudanças de temperatura ambiente. Delas, a atividade física é a que queima mais energia (até 40% do total).
Termogênese alimentar é a energia que consumimos para processar e digerir os alimentos. Se uma pessoa consome ingredientes hipercalóricos, notará que transpirou após a refeição, porque o organismo procura eliminar, sob a forma de calor, a energia que está sendo armazenada sob a forma de gordura. Mas existem alguns alimentos, chamados termogênicos, que tornam o processo da digestão mais lento, como as fibras, ou que aumentam a queima de calorias, como o café.
A quantidade de calorias ingeridas é monitorada pela corrente sanguínea por uma região do cérebro chamada hipotálamo. Se as calorias forem excessivas, o hipotálamo emite sinais químicos para que o excesso seja queimado. Isso acontece porque o tecido adiposo produz leptina. Quando a produção é pequena, o hipotálamo é orientado a aumentar a sensação de fome e reduzir o gasto de calorias. Quando há muita leptina circulante no sangue, o hipotálamo produz sensação de saciedade e aumenta o gasto energético. O principal tecido onde ocorre esse tipo de termogênese é o músculo esquelético, que constitui 40% do tecido muscular do nosso corpo.
Com a proibição do uso da efedrina (Haaz e colaboradores, 2006), outros substratos começaram a ser utilizados, em larga escala, pela indústria na fabricação dos suplementos que causam o aumento da termogênese e, consequentemente, da oxidação de gordura.
Dentre eles, o Citrus aurantium (laranja amarga: p-sinefrina), a Camellia sinensis (chá verde: catequinas) e a Paullinia cupana (guaraná: cafeína) tem sido estudados, isoladamente ou combinados, em diversos estudos (Armstrong, Johnson e Duhme, 2001; Murase e colaboradores, 2002; Martínez-Álvares, Gómez-Candela, Villarino-Marín, 2006; Batista e colaboradores, 2009; Seifert e colaboradores, 2011), na tentativa de melhor esclarecer os seus mecanismos e possíveis ações sobre a termogênese e a oxidação de lipídios. No entanto, o uso de produtos com dose concentrada de extratos de guaraná, laranja amarga, chá verde e outros, com intuito de reduzir a massa gorda, não possuem evidências científicas suficientes para serem recomendados para esse fim e de forma duradoura e saudável (Koithan e Niemeyer, 2010). Desta forma, existem produtos comerciais que auxiliam no aumento da velocidade do metabolismo, que são aprovados e com resultados positivos feitos por pesquisadores.
FONTE: Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 6. n. 33. p. 168 - 177. Mai/Jun. 2012. ISSN. 1981 - 9977.

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