Este
artigo descreve o tratamento realizado em três pacientes que se
encontravam no puerpério, de parto normal, no Hospital Universitário
São José-UNIG, Mesquita-RJ.
Nele, os autores dizem que após o
nascimento do bebê o corpo da nova mãe começa o seu período de
recuperação, e a volta ao normal, ou seja, à normalidade após o
nascimento, não será como seu estado pré-gravidez, mas será um
novo corpo feminino que passou pela gravidez e pelo parto. Antes dela
ficar grávida, ela pode estar ou não satisfeita com seu corpo, mas
esse é o modo como ela está acostumada a vê-lo. Nas primeiras
horas após o parto talvez ela fique satisfeita com o relativo
achatamento de seu abdômen, mas ao começar a se movimentar e ao se
olhar em um espelho ela irá se deparar com um terceiro corpo; um
abdômen vazio, pendente e ainda aumentado, com uma pele enrugada
como "papel crepom" e na medida que ela se move, fala e ri,
irá perceber uma falta quase completa de controle dos músculos
abdominais. Toda a cinta abdominal estará enfraquecida com muito
pouco controle mecânico aparente; devido a isso (além de uma maior
elasticidade presente nos ligamentos) a região posterior do tronco
ficará muito mais vulnerável a lesões (Polden & Mantle, 2000).
Segundo Resende & Montenegro
(1982), o puerpério é um período cronologicamente variável, de
âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as
manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna
havidas após o parto. A relevância e a extensão desses processos
são proporcionais ao vulto das transformações gestacionais
experimentadas e diretamente subordinadas à duração da gravidez.
Por
via de regra, completa-se a involução puerperal no prazo de 6
semanas, embora seja aceitável dividir o período que se sucede ao
parto em: pós parto imediato (do 1º ao 10º dia), pós-parto tardio
(do 10º ao 45º dia) e pós parto remoto (além do 45°). O útero
grávido em crescimento não apenas
estira
os músculos abdominais, como devido á frouxidão da linha alba e
dos retos abdominais separados, deixam um espaço de mais ou menos 1
a 3 cm entre os dois ventres do músculo reto abdominal no final da
gestação, chamado de diástase. As fibras musculares abdominais
encompridam e, como a linha alba se separa (diástase), o abdômen
protrui a partir das 20 semanas, para acomodar o feto em crescimento.
A involução do útero (após o parto) geralmente termina em cerca
de catorze dias, mas os músculos abdominais podem levar seis semanas
para retornar ao estado pré-gestacional e seis meses até que a
força total retorne (Thomson et al, 1994). Segundo Polden &
Mantle (2000), a diástase será visível em qualquer mulher que
tenha terminado a gravidez. Isso pode variar entre uma pequena lacuna
vertical com 2 a 3 cm de largura e 12 a 15 cm de comprimento, em um
espaço medindo de 12 a 20 cm de largura, e estendendo-se por quase
todo o comprimento dos músculos retos. Existem vários relatos na
literatura, que incluem resultados satisfatórios do uso da
eletroestimulação para melhora da qualidade da função muscular.
Os objetivos da técnica incluem: manter a qualidade e quantidade do
tecido muscular, recuperar a sensação de tensão muscular, aumentar
ou manter força muscular, e estimular o fluxo de sangue no músculo.
O aumento da força muscular com eletroestimulação pode ser
alcançada em pouco tempo e este fortalecimento se dá
artificialmente (Camargo et al, 1998; Hoogland, 1988 ).
Segundo Sivini & Lucena (1999), a
estimulação elétrica constitui um método eficaz no fortalecimento
muscular tanto em pacientes saudáveis como em pacientes no
pós-operatório. Produz melhores resultados do que um trabalho
constituído apenas por exercícios. Combinada com a contração
muscular ativa, o uso da eletroestimulação provê resultados muito
superiores aos exercícios isolados.
Foram selecionadas para a terapêutica
três puérperas primíparas de parto normal, saudáveis, com idade
de 18, 22 e 30 anos (denominadas pacientes A, B, e C,
respectivamente) moradoras da região da Baixada Fluminense, RJ,
pacientes do Hospital Universitário São José – UNIG, em
Mesquita, RJ.
Antes e após o tratamento as
pacientes foram submetidas a uma avaliação constituída de
perimetria abdominal, aferição com uso do paquímetro e fotografia.
A
descrições de estudos de caso não são escritas para provar a
eficácia de métodos de tratamento; elas não são investigações,
mas apenas descrições de prática. Portanto, os resultados do
tratamento destas pacientes não podem ser generalizados para outras
de quadro clínico similar. Esta apresentação de caso ajuda a
divulgar experiências clínicas entre fisioterapeutas que labutam na
área de gineco-obstetrícia, gera hipóteses para serem investigadas
em pesquisas futuras, fornece material para o ensino da profissão,
motiva a prática profissional, e auxilia a formular parâmetros e
guias de práticas clínicas (Mcewen, 1996).
A
análise dos dados da perimetria permitiu concluir que, a despeito da
diversidade inerente às pacientes, o tratamento reduziu medidas pelo
encurtamento do reto abdominal em sua dimensão longitudinal. Por
outro lado, o acompanhamento dos resultados obtidos através da
utilização do paquímetro levou à conclusão de que existiu também
redução transversal da diástase entre os dois segmentos musculares
testados. Além disto, a avaliação subjetiva e o acompanhamento
regular das pacientes mostrou melhora do
tônus
e do trofismo muscular.
O
estudo apresentado mostrou resultados favoráveis que justificam seu
uso na terapêutica puerperal. Mesmo na falta de dispositivos
precisos de avaliação, foi possível, usando a perimetria e fotos,
observar melhora satisfatória no quadro de flacidez que as pacientes
apresentavam, e o tratamento pôde reduzir medidas pelo encurtamento
do reto abdominal em sua dimensão longitudinal. Usando o paquímetro
ficou claro a redução da diástase num período menor que o
fisiológico. Fato este que foi considerado muito importante, pois
foi capaz de evidenciar rápida melhora da função da musculatura
abdominal, pois houve também aparente melhora do tônus e trofismo
muscular abdominal.
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