terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tratamento de flacidez do reto abdominal após o parto normal


Este artigo descreve o tratamento realizado em três pacientes que se encontravam no puerpério, de parto normal, no Hospital Universitário São José-UNIG, Mesquita-RJ.
corrente russaNele, os autores dizem que após o nascimento do bebê o corpo da nova mãe começa o seu período de recuperação, e a volta ao normal, ou seja, à normalidade após o nascimento, não será como seu estado pré-gravidez, mas será um novo corpo feminino que passou pela gravidez e pelo parto. Antes dela ficar grávida, ela pode estar ou não satisfeita com seu corpo, mas esse é o modo como ela está acostumada a vê-lo. Nas primeiras horas após o parto talvez ela fique satisfeita com o relativo achatamento de seu abdômen, mas ao começar a se movimentar e ao se olhar em um espelho ela irá se deparar com um terceiro corpo; um abdômen vazio, pendente e ainda aumentado, com uma pele enrugada como "papel crepom" e na medida que ela se move, fala e ri, irá perceber uma falta quase completa de controle dos músculos abdominais. Toda a cinta abdominal estará enfraquecida com muito pouco controle mecânico aparente; devido a isso (além de uma maior elasticidade presente nos ligamentos) a região posterior do tronco ficará muito mais vulnerável a lesões (Polden & Mantle, 2000).
Segundo Resende & Montenegro (1982), o puerpério é um período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna havidas após o parto. A relevância e a extensão desses processos são proporcionais ao vulto das transformações gestacionais experimentadas e diretamente subordinadas à duração da gravidez.
Por via de regra, completa-se a involução puerperal no prazo de 6 semanas, embora seja aceitável dividir o período que se sucede ao parto em: pós parto imediato (do 1º ao 10º dia), pós-parto tardio (do 10º ao 45º dia) e pós parto remoto (além do 45°). O útero grávido em crescimento não apenas
estira os músculos abdominais, como devido á frouxidão da linha alba e dos retos abdominais separados, deixam um espaço de mais ou menos 1 a 3 cm entre os dois ventres do músculo reto abdominal no final da gestação, chamado de diástase. As fibras musculares abdominais encompridam e, como a linha alba se separa (diástase), o abdômen protrui a partir das 20 semanas, para acomodar o feto em crescimento. A involução do útero (após o parto) geralmente termina em cerca de catorze dias, mas os músculos abdominais podem levar seis semanas para retornar ao estado pré-gestacional e seis meses até que a força total retorne (Thomson et al, 1994). Segundo Polden & Mantle (2000), a diástase será visível em qualquer mulher que tenha terminado a gravidez. Isso pode variar entre uma pequena lacuna vertical com 2 a 3 cm de largura e 12 a 15 cm de comprimento, em um espaço medindo de 12 a 20 cm de largura, e estendendo-se por quase todo o comprimento dos músculos retos. Existem vários relatos na literatura, que incluem resultados satisfatórios do uso da eletroestimulação para melhora da qualidade da função muscular. Os objetivos da técnica incluem: manter a qualidade e quantidade do tecido muscular, recuperar a sensação de tensão muscular, aumentar ou manter força muscular, e estimular o fluxo de sangue no músculo. O aumento da força muscular com eletroestimulação pode ser alcançada em pouco tempo e este fortalecimento se dá artificialmente (Camargo et al, 1998; Hoogland, 1988 ).
Segundo Sivini & Lucena (1999), a estimulação elétrica constitui um método eficaz no fortalecimento muscular tanto em pacientes saudáveis como em pacientes no pós-operatório. Produz melhores resultados do que um trabalho constituído apenas por exercícios. Combinada com a contração muscular ativa, o uso da eletroestimulação provê resultados muito superiores aos exercícios isolados.
Foram selecionadas para a terapêutica três puérperas primíparas de parto normal, saudáveis, com idade de 18, 22 e 30 anos (denominadas pacientes A, B, e C, respectivamente) moradoras da região da Baixada Fluminense, RJ, pacientes do Hospital Universitário São José – UNIG, em Mesquita, RJ.
Antes e após o tratamento as pacientes foram submetidas a uma avaliação constituída de perimetria abdominal, aferição com uso do paquímetro e fotografia.
A descrições de estudos de caso não são escritas para provar a eficácia de métodos de tratamento; elas não são investigações, mas apenas descrições de prática. Portanto, os resultados do tratamento destas pacientes não podem ser generalizados para outras de quadro clínico similar. Esta apresentação de caso ajuda a divulgar experiências clínicas entre fisioterapeutas que labutam na área de gineco-obstetrícia, gera hipóteses para serem investigadas em pesquisas futuras, fornece material para o ensino da profissão, motiva a prática profissional, e auxilia a formular parâmetros e guias de práticas clínicas (Mcewen, 1996).
A análise dos dados da perimetria permitiu concluir que, a despeito da diversidade inerente às pacientes, o tratamento reduziu medidas pelo encurtamento do reto abdominal em sua dimensão longitudinal. Por outro lado, o acompanhamento dos resultados obtidos através da utilização do paquímetro levou à conclusão de que existiu também redução transversal da diástase entre os dois segmentos musculares testados. Além disto, a avaliação subjetiva e o acompanhamento regular das pacientes mostrou melhora do
tônus e do trofismo muscular.
O estudo apresentado mostrou resultados favoráveis que justificam seu uso na terapêutica puerperal. Mesmo na falta de dispositivos precisos de avaliação, foi possível, usando a perimetria e fotos, observar melhora satisfatória no quadro de flacidez que as pacientes apresentavam, e o tratamento pôde reduzir medidas pelo encurtamento do reto abdominal em sua dimensão longitudinal. Usando o paquímetro ficou claro a redução da diástase num período menor que o fisiológico. Fato este que foi considerado muito importante, pois foi capaz de evidenciar rápida melhora da função da musculatura abdominal, pois houve também aparente melhora do tônus e trofismo muscular abdominal. 

FONTE: BORGES, Fábio dos Santos; VALENTIN, Ericka Christine. Tratamento da flacidez e diástase do reto-abdominal no puerpério do parto normal com o uso de eletroestimulação musculaar com corrente de média frequência – Estudo de caso. Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato-Funcional - Vol. 1 n° 1 - 2002

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